Laceração Perineal: Saiba o que é, como prevenir e tratar.

A Laceração Perineal é uma das complicações que podem ocorrer durante o parto vaginal e muitas mulheres tem medo de passar por este desconforto. Neste post vou explicar detalhadamente o que é períneo, como acontece a laceração, os graus que podem ocorrer e, mais importante, como prevenir para tentar evitar.

Quem é gestante sabe que precisa escolher a via de parto e esta decisão é uma das mais importantes na gestação. Muitas mulheres optam pela cesárea eletiva por medo da dor do parto e da laceração. No entanto, como sabemos, o parto normal é o mais indicado pois, mesmo sendo mais doloroso, os riscos de complicações são consideravelmente menores e, a laceração perineal, mesmo sendo um risco real, você tem a opção de se preparar antes e durante a gestação e até mesmo durante o trabalho de parto para prevenir e tentar evitar ter esta complicação. Continue lendo e saiba como.

Períneo: O que é? Onde fica?

O períneo é a região entre a vulva e o ânus, localizada na parte inferior do assoalho pélvico. É formado por músculos, tecido conjuntivo e nervos que sustentam os órgãos pélvicos, como a bexiga, o útero e o reto.

Fonte: Cleveland Clinic - Perineum: Location, Anatomy, Function & Conditions

Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/body/24381-perineum

Durante o parto vaginal, o períneo é esticado à medida que a cabeça do bebê passa pelo canal de parto. O estiramento excessivo ou rápido do períneo pode causar uma laceração perineal. As recomendações da Organização Mundial da Saúde incluem a realização de massagem perineal durante a gestação e o uso de técnicas de controle de nascimento durante o parto para ajudar a reduzir o risco de laceração (vamos falar mais sobre estas técnicas a seguir) O períneo é uma região importante do corpo feminino que desempenha um papel vital durante o parto.

Laceração Perineal: O que é?

A laceração perineal é uma complicação comum do parto normal, que pode ocorrer quando o bebê passa pelo canal vaginal durante o trabalho de parto. Essa lesão pode variar desde pequenas fissuras até lesões mais profundas nos tecidos perineais, podendo causar dor, desconforto e dificuldade na recuperação pós-parto.

Laceração Perineal: Porque ocorre?

A laceração perineal pode ocorrer devido a vários fatores como a falta de preparo da pelve, força da musculatura e elasticidade do tecido do períneo. Algumas das causas mais comuns de laceração perineal incluem:

• Tamanho do bebê: pode parecer obvio mas não custa citar. Bebês maiores têm uma maior probabilidade de causar laceração perineal devido à sua cabeça ser maior;

• Duração do trabalho de parto: trabalhos de parto mais longos podem aumentar o risco de laceração perineal, pois os tecidos do períneo ficam esticados e fragilizados por mais tempo. Por este motivo, uma maior mobilidade e força da pelve favorece a descida do bebê, o que pode tornar o trabalho de parto mais rápido;

• Posição de parto: as posições de parto que envolvem a força da gravidade, como a posição vertical, podem reduzir o risco de laceração perineal, enquanto as posições deitadas podem aumentar o risco;

• Episiotomia: um procedimento em que um corte é feito no períneo para aumentar o tamanho do canal vaginal durante o parto, pode AUMENTAR o risco de laceração perineal. Por este motivo a episiotomia é considerado violência obstétrica.

Laceração Perineal: Como prevenir?

Embora a laceração perineal possa não ser totalmente evitável, ou seja, não é possível garantir que não haverá laceração, existem algumas medidas que as mulheres podem tomar para reduzir o risco de lesão perineal durante o parto normal. Algumas dessas medidas incluem:

• Prática de exercícios do assoalho pélvico antes e durante a gestação, sob orientação de um fisioterapeuta capacitado, para fortalecer os músculos da região e melhorar a elasticidade dos tecidos do períneo;

• Posicionamento correto durante o trabalho de parto: manter uma posição vertical, como em pé, sentada ou apoiada em uma bola de parto, pode ajudar a reduzir a pressão na área perineal;

• Massagem perineal: uma técnica em que a mãe massageia suavemente os tecidos do períneo com óleo, sob orientação de um profissional, pode ajudar a aumentar a elasticidade dos tecidos perineais;

• Uso de compressas quentes: aplicação de compressas quentes na região perineal durante o trabalho de parto pode ajudar a reduzir a dor e desconforto e facilitar a passagem do bebê.

Graus de Laceração Perineal

Existem quatro graus diferentes de laceração perineal, que variam em termos de gravidade e extensão da lesão. Desta forma, mesmo não sendo possível garantir que não haverá nenhuma laceração, é comprovado que, tomando as medidas preventivas é possível reduzir o grau de laceração. Vamos entender cada grau agora:

Fonte: Mangiarelli Rehabilitation - Physical Therapy for Episiotomy and Perineal Tears

Disponível em: https://www.mangiarellirehabilitation.com/blog/physical-therapy-for-episiotomy-and-perineal-tears

1º grau: envolve apenas a pele do períneo e não afeta os músculos subjacentes. É geralmente uma laceração superficial que não causa muito desconforto e tende a cicatrizar rapidamente. Pode ser acompanhada por dor ou ardência durante a micção ou evacuação.

2º grau: envolve a pele e os músculos do períneo, mas não atinge o esfíncter anal. É mais profunda do que a laceração de 1º grau e pode ser mais dolorosa. Geralmente é suturada após o parto para ajudar na cicatrização.

3º grau: envolve a pele, os músculos do períneo e o esfíncter anal. É uma lesão mais profunda e pode causar dor, desconforto e dificuldade para urinar ou evacuar. Geralmente requer reparo cirúrgico imediato.

4º grau: envolve a pele, os músculos do períneo, o esfíncter anal e o tecido retal. É a lesão mais grave e pode causar incontinência fecal. É uma emergência obstétrica e requer reparo cirúrgico imediato.

A prevenção da laceração perineal é importante e ajuda muito a reduzir o grau de laceração, mas às vezes a lesão é inevitável durante o parto normal. Por isso, é importante que as mulheres recebam um cuidado adequado pós-parto para garantir uma recuperação adequada. O cuidado pós-parto inclui medidas como o uso de analgésicos para aliviar a dor, o uso de compressas geladas e quentes para reduzir o inchaço e a dor, e a realização de exercícios do assoalho pélvico para ajudar na recuperação da musculatura perineal.

Conclusão

O trabalho com fisioterapia pélvica antes de engravidar (no caso de uma gravidez planejada), durante a gestação e no pós-parto é de extrema importância, especialmente para mulheres que desejam parto vaginal. Conforme vários estudos publicados, possuir uma pelve forte, móvel e um períneo preparado para o parto reduzem muito o risco de laceração perineal e também é essencial para recuperação dos tecidos e músculos após o parto.

Você que é mãe ou gestante, conta pra gente se você fez/faz fisioterapia pélvica durante a gestação, se você teve laceração, como foi a sua experiência?

E se você quer aprender a fazer a massagem perineal em casa, obter muita informação importante sobre gestação, se manter ativa, saudável e sem dores durante este período tão importante da sua vida, conheça o Gravidez em Movimento. Vale a pena investir em você e no seu bebê, se cuide: https://curso.gravidezemmovimento.com.br/ 

Abraços da Rafa, até o próximo post.

Referências:

American College of Obstetricians and Gynecologists. (2018). ACOG Committee Opinion No. 742: Postpartum pain management. Obstetrics and gynecology, 132(1), e35-e51.

Brasil. Ministério da Saúde. (2011). Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde.

Dahlen, H. G., Homer, C. S., Cooke, M., & Upton, A. M. (2010). ‘Sifting and sorting’ midwifery practice: a metasynthesis of women’s experiences of midwifery care. Journal of midwifery & women’s health, 55(4), 331-339.

National Institute for Health and Care Excellence. (2014). Intrapartum care for healthy women and babies. Clinical guideline CG190.

World Health Organization. (2018). WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. World Health Organization.